quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O DISCIPULADO - MOTOR PARA A APRENDIZAGEM




O DISCIPULADO - MOTOR PARA A APRENDIZAGEM 


Após algumas leituras, despertou-me a impressão de que a Gramática, Retórica e Lógica não são suficientes para determinar o Trivium. Parece-me que por vezes, fica excluído de algumas obras, um princípio determinante, sem o qual não é possível a Educação Clássica, refiro-me ao Discipulado. Apesar de não trazer nenhuma novidade ou mesmo ser óbvia minha afirmação, certamente em algum aspecto tenho razão. Pois, mesmo não sendo um profundo pesquisador da área, consigo perceber que em tempos remotos a educação se dava numa estrita relação Mestre/Discípulo. Por conseguinte, independente do conteúdo transmitido, seja o Trivium, as Artes ou os Ofícios, o Discipulado se impunha como um meio substancial ao ensino/aprendizado.   E este aspecto muda tudo no que se refere ao aprendizado e absolvição de cultura.
É comum que todo discípulo queira assemelhar-se ao mestre e mesmo supera-lo. Nesta relação discipular evidenciam-se algumas virtudes, que o Professor nos moldes atuais, não consegue despertar em seus Alunos, tais como: disciplina, docilidade, obediência, devoção ao saber e ao mestre, etc. O discípulo é levado, por tal relacionamento, a querer continuar a obra de seu mestre e isto é um verdadeiro motor no processo de aprendizagem. Certo da necessidade de tal princípio acredito que o “discipulado educacional”, tenha influenciado, ou mesmo contribuído diretamente, para a expansão do Cristianismo, haja vista a sociedade do período clássico ter bem acentuados os signos de Mestre e Discípulo, imprescindíveis ao crescimento da então nova religião.
Parece que por natureza temos necessidade de guias e mestres. Pois, quando determinadas personalidades nos seduzem, somos movidos pelos que dizem e arrastados pelo que fazem, não só convencidos, mas, persuadidos a imita-los. Nossa vontade é indubitavelmente entalhada por aquilo que admiramos ou temos devoção. Talvez por este motivo os antigos retóricos utilizassem a técnica de no princípio do discurso, apresentar-se como bons, sábios e verdadeiros, favorecendo a persuasão do auditório ou jure.
O mestre cativa, domina por vezes impera sobre seus discípulos. Prova disso é que mesmo mestres que ensinam coisas más têm influência e são venerados por seus discípulos. No entanto, para a educação atual o “Discipulado” é um mito o elo perdido. Somente em raríssimos casos temos professores que também são mestres, capazes de plantar, germinar e cultivar nalgum discípulo a semente do saber. Num terreno educacional tão inóspito, ainda haveria lugar para a Educação Clássica? Os conteúdos e a metodologia podem ser restaurados ao arquétipo Clássico e transmitidos, isto é certo, apesar de não ser tarefa fácil. Todavia, o que ou quem poderia esculpir o Caráter dos professores e pais “homeschooling” para que se tornem Mestres?
O que significa ser um Mestre? No conceito atual, 'mestre' é quem possui o título de mestrado em alguma especialidade, porém para os antigos o termo ‘mestre’ não era apenas um rótulo acompanhado de um canudo de papel. Todavia, o vocábulo ‘mestre’ vem do latim “magister, i” mesma raiz de magnus ,i (grande) e  significa: o que tem autoridade para mandar; dirigir; ordenar; guiar; conduzir; aconselhar e ensinar as Artes. E, como numa relação de interdependência, a expressão Trivium em seu sentido primeiro, significa: encontro de três caminho e encruzilhada. Ora, quem se encontra diante de três vias, precisar certamente de um guia, de um condutor, de um bom conselheiro, de um Mestre.    








autor: JUTAY REBOUÇAS 



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