O DISCIPULADO - MOTOR PARA A
APRENDIZAGEM
Após algumas
leituras, despertou-me a impressão de que a Gramática, Retórica e Lógica não
são suficientes para determinar o Trivium. Parece-me que por vezes, fica
excluído de algumas obras, um princípio determinante, sem o qual
não é possível a Educação Clássica, refiro-me ao Discipulado.
Apesar de não trazer nenhuma novidade ou mesmo ser óbvia minha afirmação,
certamente em algum aspecto tenho razão. Pois, mesmo não sendo um profundo
pesquisador da área, consigo perceber que em tempos remotos a educação se dava
numa estrita relação Mestre/Discípulo. Por conseguinte, independente do
conteúdo transmitido, seja o Trivium, as Artes ou os Ofícios, o Discipulado se
impunha como um meio substancial ao ensino/aprendizado. E este
aspecto muda tudo no que se refere ao aprendizado e absolvição de cultura.
É comum que
todo discípulo queira assemelhar-se ao mestre e mesmo supera-lo. Nesta relação
discipular evidenciam-se algumas virtudes, que o Professor nos moldes atuais,
não consegue despertar em seus Alunos, tais como: disciplina, docilidade,
obediência, devoção ao saber e ao mestre, etc. O discípulo é levado, por tal
relacionamento, a querer continuar a obra de seu mestre e isto é um verdadeiro motor no
processo de aprendizagem. Certo da necessidade de tal princípio acredito
que o “discipulado
educacional”, tenha influenciado, ou mesmo contribuído diretamente,
para a expansão do Cristianismo, haja vista a sociedade do período clássico ter
bem acentuados os signos de
Mestre e Discípulo, imprescindíveis ao crescimento da então nova religião.
Parece que
por natureza temos necessidade de guias e mestres. Pois, quando determinadas
personalidades nos seduzem, somos movidos pelos que dizem e arrastados pelo que
fazem, não só convencidos, mas, persuadidos a imita-los. Nossa vontade é
indubitavelmente entalhada por aquilo que admiramos ou temos devoção. Talvez
por este motivo os antigos retóricos utilizassem a técnica de no princípio do
discurso, apresentar-se como bons, sábios e verdadeiros, favorecendo a
persuasão do auditório ou jure.
O mestre
cativa, domina por vezes impera sobre seus discípulos. Prova disso é que mesmo
mestres que ensinam coisas más têm influência e são venerados por seus
discípulos. No entanto, para a educação atual o “Discipulado” é um
mito o elo perdido. Somente em raríssimos casos temos professores que também
são mestres, capazes de plantar, germinar e cultivar nalgum discípulo a semente
do saber. Num terreno educacional tão inóspito, ainda haveria lugar para a
Educação Clássica? Os conteúdos e a metodologia podem ser restaurados ao
arquétipo Clássico e transmitidos, isto é certo, apesar de não ser tarefa
fácil. Todavia, o que ou quem poderia esculpir o Caráter dos
professores e pais “homeschooling” para que se tornem Mestres?
O que
significa ser um Mestre? No conceito atual, 'mestre' é quem possui o título de
mestrado em alguma especialidade, porém para os antigos o termo ‘mestre’ não
era apenas um rótulo acompanhado de um canudo de papel. Todavia, o vocábulo
‘mestre’ vem do latim “magister, i” mesma
raiz de magnus ,i (grande) e significa: o que tem
autoridade para mandar; dirigir; ordenar; guiar; conduzir; aconselhar e ensinar
as Artes. E, como numa relação de interdependência, a expressão Trivium em seu
sentido primeiro, significa: encontro de três caminho e encruzilhada. Ora, quem
se encontra diante de três vias, precisar certamente de um guia, de um
condutor, de um bom conselheiro, de um Mestre.
autor: JUTAY REBOUÇAS
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